Há tempos, um bando de mais de mil codornas
habitava uma floresta da Índia.
Viviam felizes, mas temiam enormemente seu inimigo,
o apanhador de codornas.
Ele imitava seu chamado e, quando se reuniam
para atendê-lo, jogava sobre elas uma enorme rede
e as levava numa cesta para vender.
Mas uma das codornas era muito sábia e disse:
"Irmãs! Elaborei um plano muito bom.
No futuro, assim que o caçador jogar a rede,
cada uma de nós enfiará a cabeça por dentro
de uma malha e todas alcançaremos vôo juntas,
levando-a conosco.
Depois de tomarmos uma boa distância,
deixaremos cair a rede num espinheiro e fugiremos".
Todas concordaram com o plano.
No dia seguinte, quando o caçador jogou a rede,
todas juntas a içaram conforme a sábia codorna
havia instruído, jogaram-na sobre um espinheiro
e fugiram. Enquanto o caçador tentava retirar
a rede de cima do espinheiro, escureceu
e ele teve de voltar para casa.
Isso aconteceu durante várias tentativas,
até que afinal a mulher do caçador
se aborreceu e indagou.
"Por que você nunca mais conseguiu
pegar nenhuma codorna ?"
O caçador respondeu: "O problema é que todas as aves
estão trabalhando juntas, ajudando-se entre si.
Se ao menos elas começassem a discutir,
eu teria tempo de pegá-las."
Dias depois, uma das codornas acidentalmente
esbarrou na cabeça de uma das irmãs quando
pousaram para ciscar o chão.
"Quem esbarrou na minha cabeça ?",
perguntou raivosamente a codorna ferida.
"Não se aborreça. Não tive a intenção
de esbarrar em você", disse a primeira.
Mas a irmã agredida continuou a discutir:
"Eu sustentei todo o peso da rede!
Você não ajudou nem um pouquinho!", gritou.
A primeira então se aborreceu
e em pouco tempo estavam todas envolvidas na disputa.
Foi quando o caçador percebeu a sua chance.
Imitou o chamado das codornas e jogou a rede
sobre as que se aproximaram.
Elas ainda estavam contando vantagem e discutindo,
e não se ajudaram a içar a rede.
Portanto, o caçador ergueu-a sozinho
e enfiou as codornas dentro da cesta.
Enquanto isto, a sábia codorna reuniu as amigas
e juntas voaram para bem longe,
pois ela sabia que discussões
dão origem a infortúnios.
Fábula Budista
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Fábula Budista
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