domingo, 28 de junho de 2015

Entre a eternidade e o instante

Não voo

entre nuvens;

espero a chuva,

ciscando a relva...

Não sou

entre trovões;

espero o silêncio,

versando meu medo

na poesia muda do meu corpo trêmulo,

como bailam as folhas eivadas de vento...

Nada sei

entre livros;

respiro o azul,

aspirando o infinito

onde os deuses cantam

os epigramas do tempo...

Assim, vou

entre flores,

entre sonhos...

Minha pele sente 

o torpor & o êxtase,

o espanto e o canto.

E eu, menino de cera,

bailo no fio:

ora, me faço mel entre abelhas;

ora, me vejo longe,

entre o instante e a eternidade,

ajoelhado nas asas de uma borboleta...  

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Segunda Milha

Sempre que leio os maravilhosos ensinos de Cristo, sou “brutalmente” confrontado em minhas atitudes e percepções. E sendo honesto, eu realmente tenho muito o que mudar. Muito mesmo.

Isso me traz muito discernimento e consciência de quem sou e do que preciso deixar para trás para refletir o Evangelho de Cristo em meu dia-a-dia, em meu interior e em minha atitudes.

Esse versículo em destaque me faz pensar acerca destas “segundas milhas” que sempre aparecem em nossa vida, mas que nem sempre são convidativas a trilhar. Na maioria das vezes são bem difíceis e cansativas.

Não é fácil insistir em ajudar pessoas que muitas vezes não se ajudam como deveriam.

Não é fácil se decepcionar com pessoas e estender a mão novamente.

Não é fácil estender a mão a quem te humilhou, a quem te ofendeu, a quem não dá valor ao que você faz. Não é nada fácil.

No exercício do ministério pastoral, essa é uma realidade constante: aconselhar uma pessoa por diversas vezes e aparentemente não ter nenhum resultado. Mas, quando essa pessoa lhe procura por passar um momento de desespero, você acolhe novamente, exorta novamente, perdoa novamente e trata novamente. Isso é bem presente em meu cotidiano.

Em contrapartida, ouço de muitos que sou muito “bonzinho”, que insisto demais, que perco meu tempo de mais com que não merece e claro, sou criticado por sofrer um desgaste que eu mesmo permito.

E esse é o questionamento central, em minha percepção, a respeito de caminhar a segunda milha.

Me pego pensando que não tenho o direito de não ajudar aqueles que me pedem. Nunca fui abandonado por Deus quando pedi misericórdia. Entendo  claramente que caminhar a segunda milha é um privilégio, e entendo que todo cristão deveria ver isso como um privilégio também.

Claro que preciso ser coerente com meu tempo, e não vou desperdiçar meu tempo insistindo em ajudar quem não quer ser ajudado. Não posso viver a vida de ninguém e tomar atitudes por quem quer que seja.

Mas em minhas orações e devoções, eu peço a Deus pelo privilégio de caminhar a segunda milha com aqueles que precisam de alguém para se apoiar e para se firmarem na caminhada. Peço a Deus a oportunidade de ser útil ao Reino.

Peço a Deus que sonde minhas motivações e me oriente sempre, para que eu caminhe a segunda milha, como um filho que entende o que Pai espera de mim, e não como um servo que obedece emburrado e pela mera obrigação de obedecer. Que minhas motivações sejam honestas e genuínas diante de Deus.

De forma que caminhar a segunda milha, tem a ver com servir, tem a ver com ser útil ao próximo e dar sentido a sua vida.

É entender que o Ide de Cristo também consiste nisso, em caminhar com os soldados feridos na batalha, com aqueles que não estão suportando a batalha da vida, e que por diversas razões não tem conseguido caminhar.

Sim, eu gosto de caminhar as “segundas milhas”... Pois quando precisei de apoio para caminhar as minhas intermináveis milhas, Jesus nunca deixou de caminhar comigo.

E é nessa consciência que quero caminhar... E ajudar a quem for necessário a caminhar quantas milhas forem necessárias.

Orando sobre isso hoje! Pense nisso também!

“TUDO QUE VICIA COMEÇA COM “C”

 
Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios…
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei, pensei e, de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C! De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com c. Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com c. Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café, mas não deixam de tomar seu chimarrão que também - adivinha ? - começa com a letra c. Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois c’s no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum. Impressionante, hein? E o computador e o chocolate? Estes dispensam comentários. Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana. Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada “créeeeeeu”. Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade? cinco. Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o ato sexual e este é denominado coito. Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com c. Mas atenção: nem tudo que começa com c vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos, pois a humanidade seria viciada em Cultura.”

Nossos dons


Cada um de vocês tem um dom ou talento especial que é sua contribuição para o mundo. Este dom é parte de tudo o que você faz em sua vida, desde seu trabalho até seu relacionamentos com as escolhas que você faz. Seu dom pode ser com as artes, comunicação, escrita, sua habilidade em inspirar as pessoas, sendo um amigo ou parente maravilhoso; há tantas formas diferentes de manifestar os dons quanto há pessoas no mundo. Seu dom é único e sua confiança nele cria oportunidades para expressá-lo.
A sua maior queda ocorre quando você compara seu dom com o dos outros. Apesar de muitas pessoas poderem compartilhar seus dons, não há duas pessoas compartilhando o mesmo dom da mesma forma. Cada pessoa terá uma forma única de gerar seu próprio dom, de compartilhá-lo com terceiros e conectá-los com aquelas pessoas que o necessitam ou mesmo o apreciam. Mas quando você não está confiando que você tem o dom certo, ou quando você não pode expressá-lo ou o que quer que seja, você criará dúvida em suas habilidades e não terá confiança em si mesmo.
O momento divino é particularmente importante nessa hora e as oportunidades para você usar seus dons em toda sua extensão ocorrerá na hora certa. Este é um processo de abertura, do seu ser aceitando e desejando responder e aceitar as oportunidades que são colocadas diante de você. Quando você se move fora do tempo divino, impondo sua vontade, você estará criando um vácuo que será preenchido com desapontamentos porque você estará agindo com desconfiança e medo. Dessa forma as coisas não funcionarão como você esperava e você acabará por perder a confiança.
A confiança requer fé e crença, por saber que você foi criado na perfeição, e isto inclui seus dons e o quanto eles se manifestam em sua vida. Se você cultivar a confiança você será presenteado com oportunidades que se harmonizarão com seu nível de confiança. Cada novo nível cria um desafio para que você seja mais confiante. Seus dons são uma bênção especial para você e para o mundo. Confie neles, saiba que a forma como você os expressa é perfeita para você. Resista ao desejo de compará-los e de comparar-se com os outros. Lembre-se de que o momento divino está sempre trabalhando em todas as áreas de sua vida e saiba que quando você está confiante estará atraindo oportunidades maravilhosas para você usar seus dons da forma mais perfeita e no momento mais perfeito.
Traduzido por Virgínia Martinez Dammroze
http://portalarcoiris.ning.com/group/sabedoriadevidamensagensreflex.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Entre o céu e a terra

Entre o Céu e a Terra.
Encontraram-se um dia, uma Lágrima, uma Estrela, uma Pérola e uma Gota de Orvalho.
A Estrela Falou: "Quem diria que eu teria o trabalho de descer das alturas luminosas para conversar com vocês três? Não sabem que eu sou mais alta que as nuvens? E que a minha altivez fulgura entre milhares de chamas radiantes, na infinita amplidão?
Respondeu então a Pérola. "Mas quem te dará valor entre milhões de lâmpadas no espaço? Tu não passas de um grão de esplendor perdido na poeira do infinito. Enquanto eu, sou buscada no fundo dos oceanos, e vendida aos soberanos, para enfeitar, com minha limpidez, as coroas dos reis e rainhas. Vivo no colo esplêndido dos nobres e nos ricos seios das rainhas. Não sou como tí, que te encaminhas sob o olhar dos pobres poetas vagabundos. Por tudo isso sou mais valiosa que tu! Ainda valho mais que o orvalho e a lágrima, pois ambas não passam de gotas dágua, sem o mínimo valor".
Disse então o Orvalho. " Qual de vocês três, tem o encanto e a capacidade de se transformar em alegria na  boca de uma imaculada flor? Todo dia eu viajo das alturas nos braços da alvorada, e venho cobrir de beijos vivificante a relva e as flores, tornando-as belas e radiosas! Trago alegria ao coração da terra, seja na campina ou na mais alta montanha. Sou a esperança cristalina nas pétalas de uma linda flor".
Calou-se o Orvalho.
Todos esperavam que a lágrima começasse a falar, mas ela nada dizia. Então todos perguntaram: E tu, o que dizes?
Rolando na terra úmida e fria, calmamente a lágrima respondeu: "Eu sou a mais pura expressão do amor, no perdão da mais vil ofensa. Bailo no olhar risonho da felicidade, e moro no sentimento tristonho da dor! Sou a lira que soluça no coração dos poetas, sou a alma da saudade e da harmonia entre as pessoas.
Sou relíquia de mãe no coração de filho, sou lembrança de filho no coração de mãe. Não vivo em seios perfumados, nem em colos orgulhosos na ostentação efêmera do luxo.. Porem, penetro no espírito do mundo. Estou no coração do rei, do sábio mais profundo, e do homem mais rústico e vil, do pecador e do santo.
Até na face do Senhor dos senhores já rolei...!  Eu, lágrima pequena, penetrei no coração de Deus, e fiz estremecer e abrir-se extasiado os pórticos celestiais! Impossível enumerar os pecados que já lavei!".
A lágrima calou-se, mas não pode deixar de rolar na face de um Anjo, ao ouvir um pedido de perdão!

Ser Ridículo

O ser humano é deveras ridículo. Só pensa no poder, na disputa de ser melhor que o seu semelhante. Ter um carro melhor que o vizinho, celular de última geração, casas e roupas de luxo entre outras coisas que nem quero falar porque vocês já perceberam o que quero dizer com isso. Acham que os faz pessoas melhores…Bah! São mesmo ridículos. É uma obsessão tão grande que até se esquecem de viver realmente. São o que se denomina de frustrados. Nós para sermos seres humanos completos não precisamos de mostrar nada, somos como somos e mais nada. Agora cá para nós…eu gosto dos meus defeitos e das minhas virtudes são minhas, se é que me faço entender.

   Acontece que ser diferente é ser único. E isso é tão belo. Ter a cor da nossa paixão.

Se eu fizesse parte dum rebanho certamente seria a ovelha negra mas não deixo de ser Eu.

   Meus queridos amigos olhem para vocês e pensem como é bom ter identidade. Não fazemos a diferença por usarmos roupas extravagantes. Fazemos porque somos diferentes de qualquer ser humano. Vejo o mundo cair no abismo, a violência a aumentar, a falta de respeito, a educação deturpada, isso é ser ridículo.

   Nada na vida é por acaso! E nós humanos não aprendemos nada, nada mesmo com o passado. Caímos tantas vezes na mesma asneira do poder.

   Ontem numa conversa informal alguém me falou:

- Eu cá tenho um Mercedes.

E eu respondi:

- Eu cá tenho umas belas pernas, levam-me a todo o lado e são tão baratas no que respeita a manutenção.

A pessoa virou-me as costas e se foi. Claro que não gostou da resposta.

Quero lá saber que tenha um Mercedes, até pode ter mil ou dois mil …não faz dele um ser humano melhor.

Portanto meus amigos eu vos digo, não quero saber de tretas dessas. Saiam da minha frente que eu QUERO VIVER!

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Para as Mulheres do Mundo Inteiro

A  beleza da mulher
 Não é suficiente falar 
Sobre a beleza das mulheres
De uma maneira geral, 
Mas sim da mulher
 Como um ser especial
Como o maior presente da humanidade
Já que a mulher sempre estará presente
Uma linda mulher artisticamente produzida 
Ficará mais bela ainda. 

 Claro, com  belas roupas, 
Um penteado artístico 
Feito por habilidosas mãos 
De um bom cabeleireiro, 
Mãos e pés bem cuidados, 
Além de um bom perfume, 
Não necessariamente francês, 
Pois já temos excelentes perfumes nacionais, 
São ingredientes que ressaltarão 
De maneira marcante 
A beleza natural que toda mulher tem.

Toda mulher tem? 
Sim, toda, mesmo aquelas. 
Que podem ser, fisicamente, 
Consideradas como feias, 
Sempre terão sua beleza interior
 E mesmo uma aparente feiúra, ficará bela, 
Ou pelo menos bonita 
Após os banhos de salão e de loja.

Acontece que a verdadeira 
Beleza de uma mulher 
Não está nas roupas
 Que ela usa, na imagem que ela carrega, 
Ou na maneira que ela penteia
 Os cabelos, mas sim em seu interior. 
Está no brilho de seu olhar.

A principal porta de entrada 
Para o interior de uma mulher 
São seus olhos
 E com toda a certeza, 
A beleza de uma mulher 
Pode ser vista a partir 
Dos seus olhos porque essa é a porta 
Para o seu coração, o lugar onde amor reside. 
É a porta de entrada para sua alma, 
Que mostra a riqueza de seus sentimentos, 
Que mostra a força de seu amor.

Claro que tudo não será válido, 
Se for uma mulher incapaz de amar
Uma mulher que só carregue 
Ódio dentro de si.
 Essa, mesmo que seja fisicamente bela, 
Será sempre uma pessoa feia. 
 Não terá essa beleza interior,
 Que é apanágio daquelas que sabem amar.

E como as mulheres sabem amar
 Geralmente conseguem expressar 
E sentir seu amor de uma maneira
 Mais intensa e declarada do que os homens, 
Normalmente mais comedidos, 
Menos capazes de escancarar seus sentimentos. 
Mais fechados em seu tolo machismo.

À medida que o tempo vai passando, 
Mais vai se acentuando 
Essa beleza feminina,
 Pois a beleza de uma mulher 
Está nas marcas do seu rosto
Nas rugas, que um sorriso. 
Sempre acentua favoravelmente.

Sabendo olhar, sabendo avaliar, 
É fácil constatar 
Que cada ruga que vai surgindo, 
Vai tornando mais belo aquele rosto, 
Pois sua alma vai acumulando mais amor, 
Mais carinho, já que a verdadeira beleza. 
De uma mulher está refletida na sua alma,
 Está no amor que ela tem no seu interior. 
Está na maneira com que flui esse amor
 E como ela sabe fazê-lo fluir.

E a beleza de uma mulher, 
Com o passar dos anos
 Apenas cresce
Desde que ela saiba desenvolver 
Sua capacidade de amar
Desde que ela saiba viver 
Em paz com seu interior.

Apenas deveremos saber apreciar 
A verdadeira beleza feminina
 Não deveremos nos ater apenas 
Na apreciação de seus atributos físicos.

Através de seu sorriso, 
Através do brilho de seus olhos
Poderemos enxergar o amor 
Que ela tem em seu interior
 Seja amor por seu parceiro
 Seja o amor pela natureza, 
Seja o amor pela humanidade 
O importante é saber usar 
A capacidade de amar
 É saber amar.

A propósito, você já notou. 
Como está bonita hoje? 
Está amando? 
Então certamente estará bela.

Veja seu sorriso, veja seus olhos brilhantes. 
É aí que está sua real beleza, 
Que está apenas refletindo 
Sua beleza interior
Olhe-se ao espelho
Ame-se, saiba amar-se.

Não ligue para sua idade cronológica, 
Nem tampouco para suas rugas, 
Ou mesmo sua celulite ou adiposidades 
 Cuide de seu interior
Ele não precisa de operações plásticas, 
Nem tampouco de cuidados médicos, 
Pois precisa apenas de amor 
Principalmente se for amor por Deus 
Ou pela humanidade
 Basta que seja um amor real, 
Autêntico, verdadeiro.

@felipe.carlotto

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Orgulho, Riqueza e Pobreza


De todos os males, o orgulho é o mais temível, pois deixa em sua passagem o germe de quase todos os vícios. É uma hidra monstruosa, sempre a procriar e cuja prole é bastante numerosa. 
Desde que penetra as almas, como se fossem praças conquistadas, ele de tudo se assenhorea, instala-se à vontade e fortifica-se até se tornar inexpugnável. Ai de quem se deixou apanhar pelo orgulho! Melhor fora ter deixado arrancar do próprio peito o coração do que deixá-lo insinuar-se. Não poderá libertar-se desse tirano senão a preço de terríveis lutas, depois de dolorosas provações e de muitas existências obscuras, depois de bastantes insultos e humilhações, porque nisso somente é que está o remédio eficaz para os males que o orgulho engendra. 
Esse cancro é o maior flagelo da Humanidade. 
Dele procedem todos os transtornos da vida social, as rivalidades das classes e dos povos, as intrigas, o ódio, a guerra. Inspirador de loucas ambições, o orgulho tem coberto de sangue e ruínas este mundo e é, ainda, ele que origina os nossos padecimentos de além-túmulo, pois seus efeitos ultrapassam a morte e alcançam nossos destinos longínquos. 
O orgulho não nos desvia somente do amor de nossos semelhantes, pois também nos estorva todo aperfeiçoamento, engodando-nos com a superestima ao nosso valor ou cegando-nos sobre os nossos defeitos. Só o exame rigoroso de nossos atos e pensamentos pode induzir-nos a frutuosa reforma. 
E como se submeterá o orgulhoso a esse exame? De todos os homens ele é quem menos se conhece. Enfatuado e presumido, coisa alguma pode desenganá-lo, porque evita o quanto serviria para esclarecê-lo, aborrece-o a contradição e só se compraz no convívio dos aduladores. Assim como o verme estraga um belo fruto, assim o orgulho corrompe as obras mais meritórias. Não raro as torna nocivas a quem as pratica, pois todo o bem realizado com ostentação e com secreto desejo de aplausos e lauréis depõe contra o próprio autor. 
Na vida espiritual, as intenções, as causas ocultas que nos inspiraram reaparecem como testemunhas; acabrunham o orgulhoso e fazem desaparecer-lhe os ilusórios méritos. O orgulho encobre-nos toda a verdade. 
Para estudar frutuosamente o Universo e suas leis, é necessário, antes de tudo, a simplicidade, a sinceridade, a inteireza do coração e do espírito, virtudes estas desconhecidas ao orgulhoso. É-lhe insuportável que tantos entes e tantas coisas o tornem subalterno. Para si, nada existe além daquilo que está ao seu alcance; tampouco admite que seu saber e sua compreensão sejam limitados. 
O homem simples, humilde em sentimentos, rico em qualidades morais, embora seja inferior em faculdades, apossar-se-á mais depressa da verdade do que o soberbo ou presunçoso da ciência terrestre que se revolta contra a lei que o rebaixa e derrui o seu prestígio. O ensino dos Espíritos patenteia-nos a triste situação dos orgulhosos na vida de além-túmulo. Os humildes e pequenos deste mundo acham-se aí exaltados; os soberbos e os vaidosos aí são apoucados e humilhados. 
É que uns levaram consigo o que constitui a verdadeira supremacia: as virtudes, as qualidades adquiridas pelo sofrimento; ao passo que outros tiveram de largar, no momento da morte, todos os seus títulos, todos os bens de fortuna e seu vão saber, tudo o que neste mundo lhes formava a glória; e sua felicidade esvaiu-se como fumo. 
Chegam ao espaço pobres, esbulhados; e este súbito desnudamento, contrastando com o passado esplendor, desconsola-os e sobremodo os mortifica. Avistam, então, na luz, esses a quem haviam desprezado e pisoteado aqui na Terra. O mesmo terá de suceder nas reencarnações futuras. O orgulho e a voraz ambição não se podem abater e suprimir senão por meio de existências atribuladas, de trabalho e de renúncia, no decorrer das quais a alma orgulhosa reflete, reconhece a sua fraqueza e, pouco a pouco, vai-se permeando a melhores sentimentos. Com um pouco de reflexão e sensatez evitaríamos esses males. 
Por que consentir que o orgulho nos invada e domine, quando apenas basta refletir sobre o pouco que somos? Será o corpo, os nossos adornos físicos que nos inspiram a vaidade? A beleza é de pouca duração; uma só enfermidade pode destruí-la. Dia a dia, o tempo tudo consome e, dentro em pouco, só ruínas restarão: o corpo tornar-se-á então algo repugnante. Será a nossa superioridade sobre a Natureza? Se o mais poderoso, o mais bem dotado de nós, for transportado pelos elementos desencadeados; se se achar insulado e exposto às cóleras do oceano; se estiver no meio dos furores do vento, das ondas ou dos fogos subterrâneos, toda a sua fraqueza então se patenteará! Assim, todas as distinções sociais, os títulos e as vantagens da fortuna medem-se pelo seu justo valor. 
Todos são iguais diante do perigo, do sofrimento e da morte. Todos os homens, desde o mais altamente colocado até o mais miserável, são construídos da mesma argila. Revestidos de andrajos ou de suntuosos hábitos, os seus corpos são animados por Espíritos da mesma origem e todos reunir-se-ão na vida futura. 
Aí somente o valor moral é que os distingue. O que tiver sido grande na Terra pode tornar-se um dos últimos no espaço; o mendigo, talvez, aí, venha a revestir uma brilhante roupagem. Não desprezemos, pois, a ninguém. 
Não sejamos vaidosos com os favores e vantagens que fenecem, pois não podemos saber o que nos está reservado para o dia seguinte. * Se Jesus prometeu aos humildes e aos pequenos a entrada nos reinos celestes, é porque a riqueza e o poder engendram, muitíssimas vezes, o orgulho; no entanto, uma vida laboriosa e obscura é o tônico mais eficaz para o progresso moral. 
No cumprimento dos deveres cotidianos o trabalhador é menos assediado pelas tentações, pelos desejos e ruins paixões; pode entregar-se à meditação, desvendar sua consciência; o homem mundano, ao contrário, fica absorvido pelas ocupações frívolas, pela especulação e pelo prazer. Tantos e tão fortes são os vínculos com que a riqueza nos prende à Terra que a morte nem sempre consegue quebrá-los a fim de nos libertar. Daí as angústias que o rico sofre na vida futura. É, portanto, fácil de compreender que, efetivamente, nada nos pertence nesta Terra. 
Esses bens que tanto prezamos só aparentemente nos pertencem. Centenas, ou, por outra, milhares de homens antes de nós supuseram possuí-los; milhares de outros depois de nós acalentar-se-ão com essas mesmas ilusões, mas todos têm de abandonálos cedo ou tarde. O próprio corpo humano é um empréstimo da Natureza e ela sabe perfeitamente no-lo retomar quando lhe convém. 
As únicas aquisições duráveis são as de ordem intelectual e moral. 
Da paixão pelos bens materiais surgem quase sempre a inveja e o ciúme. Desde que esses males se implantem em nós, podemos considerar-nos sem repouso e sem paz. A vida torna-se um tormento perpétuo. Os felizes sucessos e a opulência alheia excitam ardentes cobiças no invejoso, inspiram-lhe a febre abrasadora da ganância. O seu alvo é suplantar os outros, é adquirir riquezas que nem mesmo sabe fruir. Haverá existência mais lastimável? Não será um suplício de todos os instantes o correr-se atrás de venturas quiméricas, o entregar-se a futilidades que geram o desespero quando se esvaem? 
Entretanto, a riqueza por si só não é um grande mal; torna-se boa ou ruim, conforme a utilidade que lhe damos. O necessário é que não inspire nem orgulho nem insensibilidade moral. É preciso que sejamos senhores da fortuna e não seus escravos, e que mostremos que lhe somos superiores, desinteressados e generosos. Em tais condições, essa provação tão arriscada 
torna-se fácil de suportar. Assim, ela não entibia os caracteres, não desperta essa sensualidade quase inseparável do bem-estar. 
A prosperidade é perigosa por causa das tentações, da fascinação que exerce sobre os espíritos. Entretanto, pode tornar-se origem de um grande bem, quando regulada com critério e moderação. Com a riqueza podemos contribuir para o progresso intelectual da Humanidade, para a melhoria das sociedades, criando instituições de beneficência ou escolas, fazendo que os deserdados participem das descobertas da Ciência e das revelações do belo em todas as suas formas. 
Mas a riqueza deve também assistir aqueles que lutam contra as necessidades, que imploram trabalho e socorro. Consagrar esses recursos à satisfação exclusiva da vaidade e dos sentidos é perder uma existência, é criar para si mesmo penosos obstáculos. O rico deverá prestar contas do depósito que lhe foi confiado para o bem de todos. Quando a lei inexorável e o grito da consciência se erguerem contra ele, nesse novo mundo, onde o ouro não tem mais influência, o que responderá à acusação de haver desviado, em seu único proveito, aquilo com que devia apaziguar a fome e os sofrimentos alheios? Inevitavelmente, ficará envergonhado e confuso. 
Quando um Espírito não se julga suficientemente prevenido contra as seduções da riqueza, deverá afastar-se dessa prova perigosa, dar preferência a uma vida simples, que o isole das vertigens da fortuna e da grandeza. Se, apesar de tudo, a sorte do destino designá-lo a ocupar uma posição elevada neste mundo, ele não deverá regozijar-se, pois, desde então, são muito maiores as suas responsabilidades e os seus compromissos. Mas também não deve lastimar-se, no caso de ser colocado entre as classes inferiores da sociedade. A tarefa dos humildes é a mais meritória; são estes os que suportam todo o peso da civilização; é do seu trabalho que a Humanidade vive e se alimenta. 
O pobre deve ser sagrado para todos, porque foi nessa condição que Jesus quis nascer e morrer. Da pobreza também saíram Epicteto, Francisco de Assis, Miguel Ângelo, Vicente de Paulo e tantos outros grandes Espíritos que viveram neste mundo. Eles sabiam que o trabalho, as privações e o sofrimento desenvolvem as forças viris da alma e que a prosperidade aniquila-as. 
Pelo desprendimento das coisas humanas, uns acharam a santificação, outros encontraram a potência que caracteriza o Gênio. 
A pobreza ensina a nos compadecermos dos males alheios e, fazendo-nos melhor compreendê-los, une-nos a todos os que sofrem; dá valor a mil coisas indiferentes aos que são felizes. 
Quem desconhece tais princípios, fica sempre ignorando um dos lados mais sensíveis da vida. Não invejemos os ricos, cujo aparente esplendor oculta muitas misérias morais. 
Não esqueçamos que sob o cilício da pobreza ocultam-se as virtudes mais sublimes, a abnegação, o espírito de sacrifício. 
Não esqueçamos jamais que é pelo trabalho, pelo sofrimento e pela imolação contínua dos pequenos que as sociedades vivem, protegem-se e renovam-se. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Oito Versos que Transformam a Mente Dalai Lama


Vou agora ler e explicar brevemente um dos mais importantes textos sobre a transformação da mente, Lojong Tsigyema (Oito Versos que Transformam a Mente). Este texto foi composto por Geshe Langri Tangba, um bodisatva bastante incomum. Eu próprio o leio todos os dias, tendo recebido a transmissão do comentário de Kyabje Trijang Rinpoche.
1. Com a determinação de alcançar. O bem supremo em benefício de todos os seres sencientes, Mais preciosos do que uma joia mágica que realiza desejos, Vou aprender a prezá-los e estimá-los no mais alto grau.
Aqui, estamos pedindo: "Possa eu ser capaz de enxergar os seres como uma joia preciosa, já que são o objeto por conta do qual poderei alcançar a onisciência; portanto, possa eu ser capaz de prezá-los e estimá-los."
2. Sempre que estiver na companhia de outras pessoas, vou aprender. A pensar em minha pessoa como a mais insignificante dentre elas, E, com todo respeito, considerá-las supremas, Do fundo do meu coração.
 "Com todo respeito considerá-las supremas" significa não as ver como um objeto de pena, o qual olhamos de cima, mas, sim, as ver como um objeto elevado. Tomemos, por exemplo, os insetos: eles são inferiores a nós porque desconhecem as coisas certas a serem adotadas ou descartadas, ao passo que nós conhecemos essas coisas, já que percebemos a natureza destrutiva das emoções negativas. Embora seja essa a situação, podemos também enxergar os fatos de um outro ponto de vista. Apesar de termos consciência da natureza destrutiva das emoções negativas, deixamo-nos ficar sob a influência delas e, nesse sentido, somos inferiores aos insetos.
3. Em todos os meus atos, vou aprender a examinar a minha mente. E, sempre que surgir uma emoção negativa, Pondo em risco a mim mesmo e aos outros, Vou, com firmeza, enfrentá-la e evitá-la.
Quando nos propomos uma prática desse tipo, a única coisa que constitui obstáculo são as negatividades presentes no nosso fluxo mental; já espíritos e outros que tais não representam obstáculo algum. Assim, não devemos ter uma atitude de preguiça e passividade diante do inimigo interno; antes, devemos ser alertas e ativos, contrapondo-nos às negatividades de imediato.
4. Vou prezar os seres que têm natureza perversa. E aqueles sobre os quais pesam fortes negatividades e sofrimentos. Como se eu tivesse encontrado um tesouro precioso, Muito difícil de achar.
Essas linhas enfatizam a transformação dos nossos pensamentos em relação aos seres sencientes que carregam fortes negatividades. De modo geral, é mais difícil termos compaixão por pessoas afligidas pelo sofrimento e coisas assim, quando sua natureza e personalidade são muito perversas. Na verdade, essas pessoas deveriam ser vistas como objeto supremo da nossa compaixão. Nossa atitude, quando nos deparamos com gente assim, deveria ser a de quem encontrou um tesouro.
5. Quando os outros, por inveja, maltratarem a minha pessoa. Ou a insultarem e caluniarem. Vou aprender a aceitar a derrota, E a eles oferecer a vitória.
Falando de modo geral, sempre que os outros, injustificadamente, fazem algo de errado em relação à nossa pessoa, é lícito retaliar, dentro de uma ótica mundana. Porém, o praticante das técnicas da transformação da mente devem sempre oferecer a vitória aos outros.
6. Quando alguém a quem ajudei com grande esperança. Magoar ou ferir a minha pessoa, mesmo sem motivo. Vou aprender a ver essa outra pessoa Como um excelente guia espiritual.
Normalmente, esperamos que os seres sencientes a quem muito auxiliamos retribuam a nossa bondade; é essa a nossa expectativa. Ao contrário, porém, deveríamos pensar: "Se essa pessoa me fere em vez de retribuir a minha bondade, possa eu não retaliar mas, sim, refletir sobre a bondade dela e ser capaz de vê-la como um guia especial."
7. Em suma, vou aprender a oferecer a todos, sem exceção. Toda a ajuda e felicidade, por meios diretos e indiretos. E a tomar sobre mim, em sigilo. Todos os males e sofrimentos daqueles que foram minhas mães.
O verso diz: "Em suma, possa eu ser capaz de oferecer todas as qualidades boas que possuo a todos os seres sencientes," — essa é a prática da generosidade — e ainda: "Possa eu ser capaz, em sigilo, de tomar sobre mim todos os males e sofrimentos deles, nesta vida e em vidas futuras." Essas palavras estão ligadas ao processo da inspiração e expiração.
Até aqui, os versos trataram da prática no nível da bodhicitta convencional. As técnicas para cultivo da bodhicitta convencional não devem ser influenciadas por atitudes como: "Se eu fizer a prática do dar e receber, terei melhor saúde, e coisas assim", pois elas denotam a influência de considerações mundanas. Nossa atitude não deve ser: "Se eu fizer uma prática assim, as pessoas vão me respeitar e me considerar um bom praticante." Em suma, nossa prática destas técnicas não deve ser influenciada por nenhuma motivação mundana.
8. Vou aprender a manter estas práticas. Isentas das máculas das oito preocupações mundanas. E, ao compreender todos os fenômenos como ilusórios. Serei libertado da escravidão do apego.
Essas linhas falam da prática da bodhicitta última. Quando falamos dos antídotos contra as oito atitudes mundanas, existem muitos níveis. O verdadeiro antídoto capaz de suplantar a influência das atitudes mundanas é a compreensão de que os fenômenos são desprovidos de natureza intrínseca. Os fenômenos, todos eles, não possuem existência própria — eles são como ilusões. Embora apareçam aos nossos olhos como dotados de existência verdadeira, não possuem nenhuma realidade. "Ao compreender sua natureza relativa, possa eu ficar livre das cadeias do apego."

@felipe.carlotto

quarta-feira, 3 de junho de 2015

O anjo, o santo e o pecador.... Chico Xavier


O pecador escutava a orientação de um santo, que vivia, genuflexo, à porta de templo antigo, quando, junto aos dois, um anjo surgiu na forma de homem, travando-se breve conversação entre eles.
O ANJO – Amigos, Deus seja louvado!
O SANTO – Louvado seja Deus!
O PECADOR – Louvado seja!
O ANJO (Dirigindo-se ao santo) – Vejo que permaneceis em oração e animo-me a solicitar-vos apoio fraternal.
O SANTO – Espero o Altíssimo em adoração, dia e noite.
O ANJO – Em nome dele, rogo o socorro de alguém para uma criança que agoniza num lupanar.
O SANTO – Não posso abeirar-me de lugares impuros...
O PECADOR – Sou um pobre penitente e posso ajudar-vos, senhor.
O ANJO – Igualmente, agora, desencarnou infortunado homicida, entre as paredes do cárcere... Quem me emprestará mãos amigas para dar-lhe sepulcro?
O SANTO – Tenho horror aos criminosos...
O PECADOR – Senhor, disponde de mim.
O ANJO – Infeliz mulher embriagou-se num bar próximo. Precisamos removê-la, antes que a morte prematura lhe arrebate o tesouro da existência.
O SANTO – Altos princípios não me permitem respirar no clima das prostitutas...
O PECADOR – Dai vossas ordens, senhor!
O ANJO – Não longe daqui, triste menina, abandonada pelo companheiro a quem se confiou, pretende afogar-se... É imperioso lhe estenda alguém braços fortes para que se recupere, salvando-se-lhe também o pequenino em vias de nascer.
O SANTO – Não me compete buscar os delinqüentes senão para corrigi-los.
O PECADOR – Determinai, senhor, como devo fazer.
O ANJO – Um irmão nosso, viciado no furto, planeja assaltar, na presente semana, o lar de viúva indefesa... Necessitamos do concurso de quem o dissuada de semelhante propósito, aconselhando-o com amor.
O SANTO – Como descer ao nível de um ladrão?
O PECADOR – Ensinai-me como devo falar com ele.
Sem vacilar, o anjo tomou o braço do pecador prestativo e ambos se afastaram, deixando o santo em meditação, chumbado ao solo.
Enovelaram-se anos e anos na roca do tempo, que tudo alterara. O átrio mostrava-se diferente. O santuário perdera o aspecto primitivo e a morte despojara o santo de seu corpo macerado por cilício e jejum, mas o crente imaculado aí se mantinha em Espírito, na postura de reverência. Certo dia, sensibilizando mais intensamente as antenas da prece, viu que alguém descia da Altura, a estender-lhe o coração em brando sorriso.
O santo reconheceu-o.
Era o pecador, nimbado de luz.
– Que fizeste para adquirir tanta glória? – perguntou-lhe, assombrado.
O ressurgido, afagando-lhe a cabeça, afirmou simplesmente:
– Caminhei.